Nos últimos tempos temos assistido a um aumento acentuado dos preços da maioria dos fertilizantes, atingindo níveis nunca vistos desde a crise financeira de 2008. Este aumento pode ter impacto na sustentabilidade do nosso negócio agrícola, pelo menos para quem está dependente dos fertilizantes de síntese. A solução passará, não por reduzir a aplicação pelo valor inerente à matéria-prima, mas por introduzir no nosso processo, uma estratégia de aumento da eficiência, quer na aplicação do fertilizante quer na redução da perda de fertilidade do nosso solo, pelo controlo da erosão.
A pergunta é simples… Como podes tu começar a reduzir a tua dependência dos fertilizantes sem teres impacto nas tuas produtividades?
Para efetivamente reduzir a dependência dos fertilizantes de uma forma clara, objetiva e sustentável, precisamos de intervir em dois pilares essenciais…
- A prevenção e redução da perda de fertilidade dos nossos solos
- Aumento da eficácia na monitorização do estado nutricional da planta
O chapa 5 já não faz sentido
Se há 20 anos a moda do “tenho que incorporar 60 unidades de Azoto para obter 10 ton de uva” fazia sentido… Hoje com a tecnologia e os indicadores que temos à disposição e que podemos controlar, esta afirmação já pouco sentido faz… Pois, para além de ser um grande desperdício de recursos, sabemos que nem todas as plantas estão disponíveis para receber esta quantidade anual de fertilizante, porque os seus processos metabólicos não são efetivos e eficientes para transformar em aminoácidos, todo o consumo de “luxo” de azoto.
Somos de opinião que das primeiras tarefas a realizar na nossa cultura é perceber onde se encontram os pontos críticos. Onde na nossa parcela temos os locais com maior perda de fertilidade pela erosão…Um exemplo…Nos nossos levantamentos encontrámos solos com perdas anuais desde os 500kg/solo/ha até perdas acimas das 5ton/solo/ha….
É alarmante não é?…Agora imagina as unidades de fertilizante que perdes com o fenómeno da erosão.
O mapa
Um simples mapa (Fig.1), um mapa que todas as explorações agrícolas deveriam ter acesso e que indica quais são as zonas de maior risco de perda de fertilidade por erosão. Ele permite descobrir não só os pontos críticos de intervenção urgente como a potencial quantidade de solo que estamos sujeitos a perder, isto se não houver uma intervenção de proteção e promoção da reciclagem de nutrientes, no qual o coberto vegetal espontâneo ou semeado é essencial.
E a monitorização
Outro dos pilares que devemos trabalhar para reduzir a nossa dependência dos fertilizantes é investir num seguimento nutricional eficaz, várias vezes na campanha, pois não basta controlar o estado nutricional da planta uma vez por ano (floração no caso da vinha)… Devemos controlar em vários pontos críticos de desenvolvimento da planta e aí a análise de seiva pode ajudar… Adiferença entre a análise de seiva e a análise foliar? A primeira é uma fotografia nutricional do momento, que podemos ajustar ao longo da campanha, consoante as várias análises… A outra é o histórico de acumulação dos vários nutrientes no momento da recolha.
Uma monitorização eficaz permite conhecer ao longo da campanha, a dinâmica, os equilíbrios e as reais necessidades das plantas, poupando desta forma muitos euros e seguramente vai reduzir a tua dependência dos fertilizantes.
Podes não seguir estes conselhos… Mas uma coisa é certa… Deves trabalhar sempre para procurar a solução e nunca alavancar o problema…
Agora!!! Mãos à obra para começares a reduzir a tua dependência dos fertilizantes.