Agricultura de PrecisãoGestão de RegaSustentabilidadeVinha

O Que as Grandes Empresas Vitivinícolas Fazem… Mas Não Dizem…

Hoje escrevemos sobre um tema essencial para aumentar a sustentabilidade económica do nosso negócio de produção de vinhos… Entender qual o verdadeiro valor entre Vinhos de Guarda (gama premium) e os Entrada de Gama numa empresa Vitivinícola.

O Ponto de Vista do Empresário  

A nosso ver a vitivinicultura é hoje um negócio de “Status Social”, dizemos isto porque muito da “indústria” passa por grandes empresários, médicos e advogados, é certo que trazem sérias mais-valias ao negócio, novas ideias, capacidade de investimento e uma visão mais economicista são algumas delas, mas existe sempre um revéz… Normalmente entram no negócio com a intenção e a ilusão de produzir vinhos de alta qualidade, esquecendo que são os “Entradas de Gama”, que dão movimento ao projeto vitivinícola… Não acredita? Pergunte, por exemplo às detentoras de grandes marcas e não querendo particularizar, qual é o impacto destes na faturação anual…? O impacto certamente é tremendo nas contas finais da empresa… Porque estes vinhos são para consumir todos os dias, são vinhos de “combate”… Enquanto vendemos 1 garrafa de gama premium saem da nossa adega 1000 garrafas de Entradas de Gama/Gama Média.

Muitas vezes é o próprio investidor/empresário que não entende esta dinâmica sobrepondo a paixão e o mediatismo que quer alcançar ao pragmatismo que o projeto deve exigir.

A nosso ver, a Gama Premium deve servir de âncora a todo o projeto, deve dar visibilidade pelos prémios, pelas referências na imprensa especializada e ter a capacidade de potenciar esse mesmo mediatismo para os vinhos de “Entrada de Gama”.

E qual o Papel da Viticultura?

A viticultura joga um papel importante na diferenciação do produto e sustentabilidade do negócio, primeiro porque não posso produzir uvas de 0,50€ a entrarem em lotes de gama media/baixa e segundo… Dentro da vinha, por mais pequeno que ela seja, encontro uvas com muito potencial e uvas “menos boas”, podendo por vezes esta diferença ser tremenda e a enologia prefere sempre a homogeneidade mesmo que ela seja de baixa qualidade à heterogeneidade da parcela.

É essencial conhecer a parcela ou vinha, descobrir os melhores “spot’s” de uva, aqueles onde a uva apresenta aos melhores indicadores de qualidade (quantidade de antocianas por ex.) e neste aspeto o mapeamento NDVI e a segmentação da vindima pode ser uma grande ajuda… e uma potente ferramenta para o descobrir.

Catalogando e diferenciando qualitativamente a vinha, podemos adequar as operações culturais (mondas, rega, fertilizações, podas etc) ao potencial enológico da vinha/casta ou talhão, induzindo uma maior/menor produção consoante o destino da uva…

Diferenciar pelo Potencial Enológico

Podemos produzir bem mais em vinhas em que a uva se destina a Entradas de Gama… Reduzindo assim o valor €/kg de uva… Podendo por vezes surgir surpresas e já nos aconteceu… Vinhas de 10.000Kg/ha originarem vinhos de guarda, pois é nossa opinião tudo depende da nossa sebe e da sua relação com a produção da(s) planta(s). Tendo sempre uma máxima… Aumentar sempre que possível, a qualidade pelo aumento da altura da sebe e não pela eliminação produção com monda de cachos.

Em estilo de conclusão… O que as grandes empresas fazem mas não dizem é muito simples… Sabem perfeitamente que devem diferenciar as práticas e as técnicas na vinha, reduzindo assim o custo da uva e canalizando-a à partida para lotes de entrada de gama, aumentando assim a sustentabilidade e o valor do negócio.

Portanto se vai empreender algum negócio vitivinícola, não esqueça… Seja pragmático… Inicie com a produção de gamas mais baixas, pois estas geram retornos mais rápidos e vá crescendo o seu portfólio consoante vai aumentando o conhecimento da sua vinha… Porque todos gostamos do reconhecimento ao nosso projeto.